Lupiciniana

Wilson Das Neves

Logo agora que a senhora da paz
Virou minha senhora
Uma tal de saudade batendo lá fora
Chamou pelo meu nome no samba canção

O que é que eu faço, se for abrir a porta estou
Dando mal passo
Mas eu não tenho veias nem nervos de aço
E quero te falar de todo coração

Moribundo vem morar nessa casa por detrás
Do mundo
Pra viver mergulhando num sono profundo
Sem querer mais saber o que é ter um amor
Meu senhor

Mas um dia a senhora da paz
Prima, irmã da alegria
Veio e aboletou na cadeira vazia
E curou meu desejo de morte ou de dor

Indeciso indaguei a senhora o que era preciso
Pra eu manter-me de pé sem perder o juízo
Sem ter medo ou remoço, ela disse-me assim:
É o outono, mais um velho palácio que achei no
Abandono, já tem outra rainha sentada no trono
E o tempo da saudade já chegou ao fim

Não engana, diz á ela que a vida é 'lupiciniana'
E carregar um mau de ex-soberana
Eu nem vou nem que o mundo caia sobre mim

Eu nem vou nem que o mundo caia sobre mim

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