O Poeta Aprendiz
Ele era um menino valente e caprino
Um pequeno infante, sadio e grimpante
Anos tinha dez e asas nos pés
Com chumbo e bodoque era plic e ploc
O olhar verde-gaio, parecia um raio
Para tangerina, pião ou menina
Seu corpo moreno vivia correndo
Pulava no escuro não importa que muro
Saltava de anjo melhor que marmanjo
E dava o mergulho sem fazer barulho
Em bola de meia, jogando de
Meia-direita ou de ponta
Passava da conta de tanto driblar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser