Valsa do Bordel
Longas piteiras,
Perfumes no ar.
Roxas olheiras
Em torno do olhar.
Que brincadeira
Fazer profissão
Da mais antiga e
Mais sem solução.
Discos franceses
Tão sentimentais.
Velhos fregueses
Com taras iguais.
Ah, quem me dera voltar para trás
Sem sentir mais tanta solidão.
E, de repente, entre tanto cliente,
Lá chega o gostosão.
E, incontinenti, abre conta corrente
Em nosso coração.
A gente apanha
Mas sente prazer.
Dá o que ganha
E o que se vai fazer.
Ele é a paixão, todo resto é saber
Vender um pouco de ilusão.
E um dia assim,
Como quem faz porque acontece,
Num abraço ela me desse
A esperança de poder dizer-lhe adeus.